O quinto capítulo da clássica série Star Ocean chega ao PS4 com um sistema dinâmico de batalhas, assim como nos últimos jogos, mas dessa vez com um número maior de personagens, podendo chegar até 7 membros de uma vez.
Para os não familiarizados com a série, as batalhas se passam em uma arena aberta, onde todos os personagens podem mover-se livremente para escolher o melhor ângulo e atacar os inimigos. Existem dois sets de comandos para cada personagem: a curta e a longa distância, e assim, as habilidades podem variar dependendo do seu posicionamento em relação ao inimigo. A lógica dos golpes obedece o seguinte sistema triangular:

• Ataque Fraco interrompe Ataque Forte;
• Ataque Forte quebra Defesa;
• Defesa bloqueia Ataque Fraco.

Há também um sistema de habilidades (skills) que podem ser aprendidas ao obter certos itens. Cada skill pode ser equipada como ataque fraco ou ataque forte (sendo que os fortes geralmente utilizarão mais MP para causar mais dano que os fracos) e cada personagem pode equipar até quatro habilidades: duas para curta distância e duas para longa distância.
Além disso, há um sistema de roles, que são como habilidades passivas que cada personagem pode ter. A Role equipada define como a inteligência artificial do personagem agirá. Ex: apenas ataques fortes, apenas ataques fracos, atacar inimigos mais próximos, manter uma certa distância, focar em habilidades de cura, focar em magias, entre outros. Esse é o elemento que dá mais dinamismo para o jogo, pois o jogador pode atribuir a cada personagem o estilo de jogo que preferir.

A IA do jogo pode ser problemática em alguns chefões e batalhas especiais: em uma batalha na qual o principal objetivo era proteger certo personagem, eu precisei pausar o jogo e utilizar comandos específicos para cada personagem. Isso porque mesmo com as roles focadas em proteção, o jogo parecia não entender o que era para ser feito e alguns personagens ficavam apenas correndo no mapa e atacando inimigos aleatórios.

Um ponto extremamente interessante é que não existem batalhas aleatórias e nem telas de loading para começar uma batalha. Os inimigos estão andando pelo mapa (em grupo ou sozinhos) e, se você passar por perto deles e utilizar algum comando de ataque (ou for atingido), a batalha começa no mesmo instante.

Ao infinito e além

A história se passa durante uma guerra intergalática entre povos distintos. Uma pequena garota chamada Relia parece estar envolvida em um plano muito maior: ela perdeu sua memória e está com um alvo nas costas o tempo todo, pois seu povo de origem está tentando recuperá-la. Relia é encontrada pelos heróis Fidel e Miki e, junto de diversos outros personagens, eles tentarão descobrir qual é a verdadeira missão da garota e o que está acontecendo além da guerra.

Como existem diversas coisas acontecendo ao mesmo tempo, a história pode parecer confusa no início, mas mostra-se simples e desinteressante com o decorrer do jogo. Os personagens também não conseguem fazer o jogador apegar-se emocionalmente e importar-se com eles. Assim como na série Tales, dentro da cidade há pequenos diálogos entre os personagens e alguns conseguem ser engraçados.

Se você jogou Tales of Graces F, encontrará diversos pontos similares nas histórias.

Visual que agrada

Os modelos dos personagens, paisagens e monstros são absolutamente lindos e o jogo consegue aproveitar do visual anime para construir cenários incríveis, ricos em detalhes e utilizando bem os 60 fps que o jogo roda no PS4.

A beleza dos personagens está na modelagem das roupas, apesar de não existir praticamente variação mesmo com a troca de equipamentos. O rosto de alguns personagens parece que foi renderizado para um Playstation 2 o que deixa algumas das cenas do jogo não tão interessantes. 

Diferente das outras versões, não há cortes para cutscenes, mas apenas momentos em que os personagens param para diálogos, tudo rodando in-game.

Ah, você também pode ficar incomodado com a roupa de certa personagem, mas lembre-se, isso é um JRPG.

Muita coisa além da história principal

Há um sistema de sidequests no painel de cada cidade, que libera habilidades novas e itens específicos. As missões secundárias envolvem apenas coletar itens, matar monstros específicos ou falar com certos personagens. Não há indicativos no mapa para onde ir ou do que fazer, você terá que ler as missões com bastante atenção e lembrar-se de algumas delas quando for para outras cidades. Após completar alguma missão, é necessário voltar até o painel da cidade para coletar a recompensa, o que pode ser bem trabalhoso se você ainda não tiver métodos de transporte.
Existem Arenas presentes em alguns cenários abertos e há uma grande dificuldade se você tentar completar a primeira vez que entrar naquele mapa.

Há também um sistema de habilidades especiais para serem utilizadas fora da batalha. Elas têm os mais diversos propósitos: criar, fundir e melhorar itens, coletar itens no terreno (como minerais, comida e plantas), cozinhar e abrir baús que estão trancados. Algumas dessas habilidades são liberadas a partir de sidequests nos paineis das cidades e as habilidades de criar itens são liberadas com um dos NPCs mais divertidos: a cientista atrapalhada Welch, que é encontrada na segunda cidade do jogo.

Conclusão

Apesar dos problemas de IA, história fraca e personagens pouco desenvolvidos, Star Ocean: Integrity and Faithlessness mostra-se um jogo divertido por conta de suas mecânicas de combate e o denso sistema de roles e habilidades. Mesmo se você for fã da série ou está experimentando Star Ocean pela primeira vez, irá se divertir, mas sentirá que existe algo faltando.