Análise: Shadwen é um um quebra cabeças com ação e muito capricho

Shadwen é o nome de uma assassina, que intitula o jogo da produtora Frozenbyte, e é com ela que você vai se aventurar do feudo até o castelo com a missão de dar um jeito no rei. Entretanto, no começo da jornada, você encontra uma garotinha órfã que evidentemente precisa de ajuda. Abandoná-la seria dar uma sentença de morte, e Shadwen, apesar de assassina, não é cruel.

O jogo é simples e isso o torna muito bom, uma vez que o level design é trabalhado com tanta perfeição que causa inveja às produtoras de jogos blockbusters. São 15 capítulos, divididos em áreas que precisam ser cruzadas sem que Shadwen e a garotinha, chamada Lily, sejam vistas. Portanto, é preciso usar todo o cenário à sua volta para distrair e/ou assassinar os guardas do rei.

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Level Design

O capricho com o level design, que é uma das mais importantes ferramentas de um designer de jogos para tornar um game bom de verdade, é o grande destaque de Shadwen.

Os cenários começam simples e pouco complexos para que o jogador se acostume à jogabilidade, que pode causar certa estranheza até aos jogadores mais experientes. Passando isso, as áreas de ação aumentam muito, tanto em proporções horizontais quanto em verticais; não há mapa ou bússola e mesmo assim o jogador não vai se perder.

As maneiras como as luzes, sombras, objetos e a arquitetura dos ambientes são dispostos mostram o caminho ao jogador, sem necessidade de qualquer informação obstruindo a imagem do jogo. É um dos jogos com a tela mais limpa que já vi, pois tudo o que é preciso para orientar você está na própria cena. Isso, caros leitores, requer um conhecimento e capricho enormes por parte de quem faz um jogo.

As texturas do jogo são muito bem feitas também, o que o torna bonito, apesar de conter poucos elementos se compararmos a outros jogos, pois tudo o que está ali é apenas o necessário.

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Sound Design

Não poderia deixar honrar a sonoplastia. Sem ela, é impossível seguir caminho caso o jogador resolva tentar o modo Difícil, pois os soldados e Lily não se destacarão em seu campo de visão. Cuidado, o mesmo som que te ajuda, também pode te denunciar. Passos e esbarrões em objetos barulhentos podem causar problemas caso esteja próximo aos inimigos.

Jogabilidade

Ela começa estranha, como disse, mas não é ruim. O mundo todo só se move quando você quer, pois com tantas opções e direções para se mover seria impossível manter a fluidez na aventura e isso causaria muita frustração. Então, ao se mover, tudo se move. Ao parar, tudo se estagna, exceto se manter o botão de “tempo” apertado, o que dá vida a todos os elementos, independentemente de seu movimento. Caso algo dê errado, não há checkpoint — basta voltar o quanto quiser no tempo com apenas um botão.

Shadwen possui uma faca e uma corda, que utiliza para se balançar e se pendurar pelo cenário (ao estilo de Uncharted 4), mas a protagonista pode se equipar com armadilhas construídas a partir de peças encontradas em baús cuja localização geralmente é bem escondida ou de difícil acesso. Enfim, essas peças são justamente a única falha do jogo, pois são desnecessárias. Joguei do começo ao fim sem usar uma única armadilha, pois o ambiente, minha corda e faca foram mais do que suficientes.

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Enredo

A história é vurta e sem enfeites, mas consistente e suficiente para justificar a aventura. Grandes enredos podem ser dispensáveis, ainda mais tratando de um jogo indie com jogabilidade simples.

Como havia citado, seu objetivo é encontrar o rei e enquanto prossegue com Lily, Shadwen a conta uma história sobre a guerra e procura, inutilmente, justificar sua natureza assassina. Há caminhos alternativos para prosseguir, e para concluir a história, o jogador pode escolher entre passar pelos guardas até o rei sem matar nenhum ou matando quantos quiser.

Chegando ao fim da aventura, cara a cara com o rei, você também pode decidir o que fazer com ele, e sua decisão influenciará em seu destino com a garotinha Lily. Portanto, pense bem no que fazer.

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Shadwen é um game indie que merece destaque por sua simplicidade acompanhada de um grande capricho em sua produção. Impossível não pensar que é uma mistura de outros jogos, como Assassin’s Creed e Prince of Persia, mas tem sua própria originalidade e a aventura se encerra tanto com o suficiente para terminar de vez este conto, quanto para justificar uma continuação.