Análise: a simplicidade da jornada de “Planet of the Eyes”

O que estaria fazendo um robô perdido  em um lugar totalmente desconhecido e cheio de mistérios? Essa é a premissa inicial de Planet of the Eyes, lançado em 2015 para PCs e chegou para o Playstation no mês de setembro.  Ele é um game de plataforma 2D onde você controla um solitário robô em um planeta desconhecido. Você acorda perto de uma nave acidentada e descobre mais ou menos o que aconteceu ouvindo as gravações de fitas cassetes (sim, aquelas de rebobinar com caneta) deixadas por um tripulante. Toda a história é contada através dessas fitas colecionáveis, como se fosse um diário, e com o avançar dentro do planeta elas relevam que nosso amigo metálico não está ali por acaso.

Iniciando pelos comandos, as opções são bastante simples. Você pula e interage com objetos móveis, puxa alavancas, aperta botões e arrasta caixas – e tem o botão da dancinha também. Não existe corrida, exceto nas partes onde o robô desliza pelo terreno ou usa alguma coisa como prancha. Quanto a exploração, não existem muitos segredos também, e uma prova disso é que muitos dos troféus são obtidos por formas de morrer – é um jogo muito fácil de platinar, diga-se de passagem.

Mesmo com toda simplicidade, o jogo tem alguns problemas de mecânica que podem incomodar certos jogadores, como a hitbox do personagem. Em algumas partes, os pulos parecem muito incertos e induzem o jogador ao erro, principalmente nas quinas dos cenários. Depois de cair ou morrer umas duas ou três vezes em determinada área, você recalcula o pulo já contando com isso. Não é algo que atrapalhe tanto depois de se acostumar, mas vale citar para o conhecimento de quem for jogar.

Outro ponto que poderia ser melhorado é a história, já que ela soa um tanto genérica e aponta para um plot twist um pouco previsível para quem for fã de ficção científica. As fitas em que o tripulante explica e conta a origem do robô – e, consequentemente, a sua importância – poderiam explanar mais, já que existe uma diferença entre deixar a trama aberta a possibilidades e uma história mal contada. Talvez tenha faltado tempo ou não fosse o foco dos produtores, mas fica difícil colocando ao lado de tantos outros indies com boas tramas.

Além do mais, a barra ficou mais alta para games de plataforma depois que Limbo e Inside deram as caras e por isso a comparação pode soar infame, mas Planet of the Eyes é bem no estilo dos games da Playdead, mas não tem o refinamento, os segredos e o perfeccionismo nos detalhes como os dois games. A influência é tanta para o que vem depois que Planet faz uma referência direta nos primeiros momentos com a aranha de Limbo. Ele também poderia ser comparado com Never Alone, mas não tem o aprofundamento narrativo e o laço criado com protagonistas como no título da Upper One Games. Contudo, vale lembrar que a Cococucumber é uma equipe jovem e bem pequena, Planet of the Eyes pode ser um ensaio para um próximo jogo.

Os quebra-cabeças são simples e possuem uma curva de aprendizado constante. O problema é que quando a coisa começa a engrenar, o jogo acaba. Certas partes são uma boa mescla de puzzles com time-attack, como na parte onde todo cenário começa a ruir na lava. Próximo da conclusão os quebra-cabeças melhoram bastante e começam a desafiar de verdade o jogador, mas aí ele acaba.

O visual é vetorial e tem uma pegada bastante retrô, uma direção de arte bastante simples, com cores e traçados bem definidos. O resultado é um visual muito elegante e bem executado no contexto geral do jogo. Apoiado pela paleta de cores vibrantes, alguns efeitos geram momentos bem bacanas, como os vagalumes que acompanham o robô – até serem comidos por plantas alienígenas.

Planet of the Eyes é curtinho, tem algumas pequenas falhas na jogabilidade e na história, mas no geral é um bom game pelos quebra-cabeças e pelo visual bastante bonito. Como uma obra indie, cumpre seu papel e vale seu tempo e investimento para uma breve experiência, principalmente para quem é fã de games plataformas e/ou jogos com uma pegada retrô.