Análise: NieR: Automata é um excelente exemplo que mistura ação e JRPG

Análise – NieR Automata

NieR Automata foi anunciado em 2015, durante a apresentação da Square Enix na E3. Desde seu anúncio, eu ouvi muita gente empolgada se perguntando do que exatamente o jogo se tratava; sem sequer saber que Nier, jogo lançado em 2010, existiu.

Nier é uma franquia spin-off do universo dos jogos Drakengard, outro JRPG da Square Enix, que se passa milhares de anos após um dos finais do primeiro jogo. Contudo, mesmo tendo todo esse backstory, não é necessário você ter jogado nenhum desses jogos para se divertir e curtir tudo o que NieR Automata tem a oferecer.

Digo isso pois NieR Automata se passa centenas de anos após o primeiro Nier, onde seres extraterrestres atacam a Terra usando máquinas, forçando o que sobrou da humanidade a se alojar na Lua. Em uma tentativa de resistência, os humanos criaram uma força de elite de androides, as unidades YoRHa, para voltar à Terra e tirá-la das mãos das máquinas.

2B or not 2B?

Você é 2B, uma androide de combate que é enviada para a Terra para combater uma máquina conhecida como Golias. Na missão, você conhece 9S, um androide extrovertido e animado – o contrário de 2B – que é reservada e focada em apenas cumprir a missão que lhe foi dada. É engraçado ver a interação desses dois personagens conforme o jogo vai se desenvolvendo, pois em situações bem simples eles acabam te tirando um sorriso, com o 9S comentando algo de forma inocente e empolgada, e 2B respondendo dando um tapa na cara dele com palavras.

Falando na interação dos personagens, um dos pontos fortes da narrativa de NieR Automata é como os androides e máquinas conseguem nos fazer refletir sobre o que é o ser humano. Um dos exemplos disso é um dos inimigos que enfrentamos na primeira metade do jogo valorizar demais sua beleza, sendo capaz de fazer tudo para ficar mais bonita para tentar ser notada por quem ela considera amar. Há outros exemplos, porém não consigo falar deles sem dar spoilers.

NieR Automata é um jogo de Action JRPG desenvolvido pela Platinum Games, então todos esperavam um jogo de combate rápido e com momentos frenéticos de ação, e realmente foi isso que nos entregaram.

Velocidade é a palavra-chave quando falamos da Platinum Games

O gameplay do combate de Automata compreende um ataque fraco ou forte, pular, pular de novo, correr e fazer tudo isso ao mesmo tempo (sim, é fluído desse jeito). É possível se esquivar de ataques, e caso você esquive bem no momento do ataque, o jogo fica em slowmotion por cerca de um segundo, permitindo desferir um ataque poderoso em seguida. Também é possível montar em animais para viajar ainda mais rápido, bem como pescar peixes e itens escondidos.

E tudo o que você faz é com muito estilo. A Platinum Games, que também desenvolveu Bayonetta, não podia deixar de lado esse aspecto de todas as ações serem feitas de forma badass, seja bater nos inimigos, pescar, ou descer escadas.

E é graças ao Pod, um robozinho que fica flutuando em volta do seu personagem, que você pode atacar à distância ou tornar seus ataques ainda poderosos com skills customizáveis. A princípio, você possui apenas um raio concentrado a longa distância, porém, conforme vai progredindo, é possível adquirir habilidades que materializam um martelo gigante para causar um dano massivo a curto alcance, ou invocar escudos para te proteger de ataques.

Ação, JRPG ou uma mistura dos dois?

Como disse, NieR Automata também é um JRPG. Isso quer dizer que o jogo conta com um grande mundo aberto para ser explorado em busca de recursos e itens escondidos. E como todo bom RPG, você pode customizar seus atributos — NieR faz isso de uma forma um tanto quanto diferente: utilizando chips.

Chips são alguns itens que melhoram aspectos específicos do seu personagem, como aumento de dano físico ou ataque à distância, defesa, recuperação de HP após derrotar um inimigo etc. Cada chip ocupa um determinado espaço no seu inventário, sendo o gerenciamento bem importante sobre quais chips equipar ou não.

Também há uma série de sidequests a serem feitas em função de auxiliar os vários NPCs do jogo, como ajudar a treinar uma máquina que luta karatê, encontrar crianças desaparecidas ou desvendar assassinatos. Tais tarefas não apenas garantem XP e itens, como também fornecem backstory para os personagens, que tornam o mundo do jogo ainda mais vivo.

Mas ei, calma, o jogo é um Action JRPG, mas não para nisso. Também há momentos de shoot’em up, como nos primeiros minutos de jogo, onde você está pilotando um módulo aéreo que seu personagem usa para viajar e enfrentar inimigos mais fortes. Nesses momentos, o jogo se transforma naqueles clássicos jogos de nave, sendo necessário atirar em vários inimigos ao mesmo tempo. Além disso, também há momentos em que o jogo se transforma em um side-scroller, podendo andar apenas em 2D, para frente ou para trás. Essas mudanças de design fazem com que NieR traga uma forma nova fórmula para os jogos de Action/RPG que estamos acostumados.

Também tem um pouquinho de Souls aí no meio…

O jogo tem um sistema similar com o de Dark Souls de encarar a morte. Quando você morre, seus chips ficam no seu corpo anterior e sua memória é passada para um novo corpo. Chegando no lugar onde morreu, é possível fazer uma das duas escolhas: recuperar seus chips ou reviver o seu antigo corpo para lutar ao seu lado (com a possibilidade de falha e ter que enfrentar uma versão enfurecida sua.

Ao explorar mais o mundo, você encontra diversos corpos de androides jogados no cenário. Geralmente, esses corpos são de outros jogadores que também morreram naquela área e, assim como você quando encontra o próprio corpo, pode-se escolher entre ganhar recursos com o corpo abandonado ou consertá-lo para que ele lute ao seu lado por um tempo limitado.

Se você está em um lugar com muitos corpos de jogadores no chão, é melhor conferir se está com bastante itens de cura.

Conheço gente que viu NieR Automata e comentou comigo: “Parece que todos os cenários do jogo são iguais pelo que eu vi nos trailers”. Bom… Trailer é trailer, não vai mostrar tudo do jogo. E ainda bem que não, pois NieR tem uma excelente variedade de cenários, apesar de não serem muitos, mas cada um com seu charme. Da cidade destruída do começo do jogo ao deserto e seu surf de areia, ao parque de diversão e todo o clima alegre que ele passa.

Alguns probleminhas…

Lógico, nem tudo são flores. O próprio diretor do jogo, Yoko Taro, já disse que sabe que o jogo contém alguns defeitos e que ele não é perfeito. NieR Automata não tem os melhores gráficos da geração, tem uma história meio peculiar para o que estamos acostumados e possui alguns problemas que não podemos deixar passar.

Durante inúmeros momentos você irá explorar o jogo e ver um lugar para ir, porém, chegando lá, há uma parede invisível. Mesmo que esse lugar seja extremamente parecido com um que você explorou há poucos minutos atrás. E isso acontece com uma frequência maior do que eu gostaria. Há um excesso de paredes invisíveis, o que, para um jogo lançado em 2017, é algo que não devia mais ser um problema tão grave.

Outro problema é a queda de frames que o jogo sofre caso você esteja jogando no PlayStation 4 comum. Em diversos momentos estava jogando e reparei que ocorriam certos engasgos – stuttering – significando que os frames caíram abruptamente.

Um belo jogo com uma bela música

Vamos falar de um dos destaques positivos do jogo: a trilha sonora. Keiichi Okabe, compositor das faixas de NieR Automata, está de parabéns com o trabalho feito no jogo. Graças a ele, eu tive a oportunidade de presenciar uma das melhores e mais bem trabalhadas trilhas sonoras em um game, com excelentes músicas para cada trecho do jogo.

Quando falo isso, não deixo de pensar quando cheguei pela primeira vez no parque de diversões do jogo e fiquei parado na entrada só para ouvir a música que estava tocando.

Mais um exemplo do excelente trabalho musical no jogo é quando hackeamos alguma coisa. Quando você hackeia algo, a trilha sonora se transforma em um estilo retrô, com aquela pegada de Super Nintendo. A música original vai se misturando de uma forma super bem-feita com uma composição que remete à de jogos clássicos.

Conclusão

NieR Automata não é um jogo perfeito, mas devido aos seus personagens carismáticos, ação, cenários e principalmente a trilha sonora, fez com que eu ficasse grato do jogo ter 5 finais diferentes, sendo uma obrigação fechá-lo todas essas vezes. A cada New Game alguns aspectos do jogo mudam, trazendo novidades e nos fazendo querer continuar no incrível mundo que Yoko Taro criou.

Estou com quase 30 horas de jogo, no meio do New Game +, e posso afirmar com toda certeza do mundo que NieR Automata é um dos principais lançamentos desse ano, que mal começou. O game já tem um espaço reservado em meu coração — e pretendo continuar jogando-o durante um bom tempo.

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Essa análise foi feita com uma cópia digital da versão de PlayStation 4, fornecida pela Square Enix.

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