Análise: Inside é uma experiência curta e avassaladora

Inside é um game desenvolvido pela Playdead, a mesma produtora por trás do expressivo e aclamado Limbo. Caso tenha tido a oportunidade de jogar seu antecessor, então você já deve ter determinadas expectativas. Inside é um daqueles games únicos, que se diferenciam da maioria que você já experimentou. Mas será que é realmente isso tudo?

História e Gameplay

Na trama, tomamos o controle de um garoto sozinho, que está sendo perseguido e acaba por ser atraído para um projeto, no mínimo, medonho. Daí em diante, a compreensão da história fica por conta da sua capacidade de observação, pois não existe uma mísera linha de diálogo ou cutscene para mover o enredo adiante. Em vez de tirar o controle do jogador subitamente, como ocorre na maioria dos jogos, somos levados a uma exposição de enredo mais visual, que se desenrola suavemente conforme progride.

O que sucede neste tipo de enredo, livre de argumentos ou indagações e projetado nos personagens, é que cada um pode formar sua interpretação sobre o que acabou de jogar. A produtora deu a oportunidade de compreender que a percepção de cada um é mais válida que um fim conclusivo e bem amarrado. Portanto, é preciso prestar bastante atenção em tudo à sua volta, a fim de que não perca nenhum detalhe importante.

A jogabilidade é bem simples e se resume a correr, pular, mover caixas e manivelas: ações utilizadas nos diversos vários quebra-cabeças do jogo. Alguns são relativamente fáceis, outros de nível intermediário, mas nada que faça sua caixola fritar por muito tempo. Independentemente da dificuldade, a solução de cada um é engenhosa e está intimamente ligada à narrativa. Talvez isso seja um problema para as pessoas que não estão acostumadas a um jogo com desse estilo, já que os populares jogos de plataforma cheios de ação funcionam de forma um tanto diferente.

Visualmente belo e primoroso

Falar de aspectos gráficos, resolução e framerate não é para Inside, já que te deixar babando pelos tantos termos técnicos dos jogos AAA não é o objetivo aqui. A bela direção de arte ganha vida graças à engine Unity, a mesma de vários jogos de smartphone e games indie. Diferente de Limbo, que funcionava com silhuetas, a desenvolvedora, aqui, optou por usar cores opacas, mas realçando o personagem no qual controlamos. Arte se torna a peça chave para a narrativa visual, uma vez que reflete a diversas formas de interpretação, tentando buscar na cabeça do jogador, uma maneira de refletir, sob o nosso tempo e de um possível futuro, por que não?.

Não há o que reclamar dos efeitos sonoros: cumprem bem o papel de vender uma atmosfera e imergir o jogador. Sejam os barulhos de maquinários e sons que causam aquela tensão em alguns momentos, ou até mesmo apenas os passos do nosso personagem ecoando em meio à imensidão do cenário. Recomendo sabiamente um bom headphone para que não se perca a concentração com barulhos exteriores.

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Conclusão

Quando estamos jogando, queremos, acima de tudo, nos divertir. Derrotar o dragão, salvar a princesa e ter um final épico. Os jogos singleplayer nos oferecem uma história para nos entreter, e se vier algo a mais, é um bônus. Mas existem alguns títulos que vão além dessa zona de conforto, fazendo com que nós nos perguntemos quem realmente somos e para onde estamos indo. E Inside entrega isso ao jogador sem cenas épicas ou um enredo ambicioso. Você pode até rir de alguns acontecimentos — que envolvem bastante humor negro —, passar por situações de pura adrenalina e, no fim, se perguntar “caramba, o que diabos eu acabei de jogar?”. É nesse momento que desligamos o console ou PC e deitamos na cama refletindo, tentando dar algum sentido à nossa vivência. Bem, pelo menos foi isso que absorvi após a jogatina. Portanto, vale a pena jogar Inside, mesmo que você não esteja acostumado com esse tipo jogo que aposta numa experiência visual arrasadora.