Análise: Fire Emblem Three Houses é uma compra certa para qualquer fã de RPG

Análise – Fire Emblem: Three Houses

A tempos que não tínhamos um lançamento da série Fire Emblem para um console de mesa. O último jogo lançado foi Radiant Dawn, para o Wii e, desde então, temos diversos bons jogos que foram lançados para o DS e 3DS. Agora o Switch está no seu auge e trazendo várias franquias para um nível que estávamos esperando a muito tempo. Com Fire Emblem não foi diferente e Three Houses veio para se consolidar como um dos melhores já lançados até hoje. 

Cada um tem sua história

O jogo não conta só uma história, mas traz consigo as jornadas de cada personagem, sobretudo os seus alunos. Recém chegado no monastério de Garreg Mach, você é designado para liderar uma das três classes de estudantes, cada um de uma das regiões do continente de Fodlan. 

Os Blue Lions vêm do norte e são liderados por Dmitri, um príncipe com uma personalidade forte e um lado um tanto quanto sombrio. A fação do Oeste e do Sul, Black Eagles é liderada por Edelgard, filha do imperador e que possui um passado marcado por tragédia. Ao leste está a casa Golden Deer, liderada por Claude, um nobre pertencente à Aliança e cheio de carisma.

Além dos líderes, cada casa tem vários outros alunos e cada um deles é especial em si. Cada um tem sua personalidade e características únicas. Com certeza alguns são infinitamente melhores que os outros, mas, ainda assim, todos têm seu charme.

Pequenas escolhas moldam o gameplay

Cada mês representa um capítulo do jogo, que é dividido entre dias livres para você se relacionar com os alunos e demais membros do monastério e aulas. Nos dias livres, você tem uma diversidade de quests simples para aumentar sua relação com seus alunos e NPCs. Algumas atividades consomem um pontos da sua energia e quando ela se esgotar, você não pode fazer mais muita coisa. O bom é que você não tem aquele gato do Persona te enchendo o saco para dormir. Mesmo sem energia, você ainda pode conversar com todo mundo e ficar andando por quantas horas quiser.

Para se relacionar com os alunos, você pode entregar presentes ou itens perdidos (há uma sutil dica em cada item que pode indicar quem é a pessoa que o perdeu), convidar para um chá, que inicia um minigame de conversa onde você precisa escolher os tópicos que a pessoa se interessa, ou vai ser um momento awkward onde 2 pessoas sem intimidade puxam aquele assunto nada a ver. Esse aqui para mim foi quase um jogo de sorte, as vezes eu achava que o personagem ia gostar do assunto e minha conversa ia por água abaixo, então, não é tão interessante assim.

Também existem algumas atividades em grupo para serem feitas, como comer algo na cantina juntos, cozinhar ou cantar no coral.  Sozinho, você pode fazer algumas atividades como Jardinagem, plantando as sementes que você coleta no monastério e como TODO RPG, você tem um mini game de PESCA. Por último, você pode gastar seus pontos de energia aprendendo com os outros professores do monastério. Isso vai ser muito importante para que você consiga avançar nas classes do personagem, com o decorrer da história.

Táticas de Guerra

A série é conhecida pelo seu combate estratégico.  Cada unidade pode se mover e realizar uma ação adicional, seja ataque, alguma magia de suporte ou mesmo dar um item para outro personagem. Cada um dos seus alunos tem suas proficiências que variam de acordo com as profissões. Há algumas preferências e caminhos sugeridos para cada personagem, mas isso vai depender de como você definir as habilidades foco de cada um deles quando começar a dar aulas.

O sistema de fraquezas triangular, bem tradicional da série, não está presente aqui. Cada arma, classe ou mesmo tipo de ataque tem sua vantagem contra algum tipo específico de inimigo. Algumas armas funcionam melhor contra inimigos de armadura pesada, algumas são específicas para monstros e por aí vai. Sendo assim, você pode montar seu time variando bastante o estilo de cada um deles para sempre tentar tirar vantagem das situações. 

Além das classes, os personagens podem ser equipados com um mini exército, chamado de Batallion. Os exércitos variam e podem ser usados algumas vezes apenas na batalha. Cada  um deles tem uma chance menor de acertar, mas o dano e os efeitos causados podem ser o suficiente para virar o curso de alguma batalha que você esteja perdendo. Acho que um possível problema do jogo está em como alguns inimigos são genéricos nas batalhas. 

Além da batalha principal, que acontece no final do mês, você também pode fazer algumas batalhas no seu dia livre. O que é bom, pois algumas delas são trechos bem legais da história de cada personagem, além de melhorar sua relação com ele. Mas, na maioria dessas sidequests, você vai enfrentar um grupo de bandidos ou piratas que é quase sempre o mesmo. Lá no capítulo 2 isso vai encher um pouco o saco. 

Por outro lado, tem algumas feras e bestas que você também vai enfrentar. Elas ocupam mais espaço que uma unidade regular, tem muito mais vida e consequentemente, causam  muito mais dano. A origem dessas criaturas é explicada na história, mas não vamos entrar em spoilers aqui, pois acho que essa é a melhor coisa de Three Houses.

Cada movimento é importante no jogo, às vezes, um posicionamento errado pode fazer com que você perca aquela unidade e, dependendo do seu modo de jogo, isso pode ter consequências drásticas. Para evitar que você fique receoso demais em cada movimento, o jogo introduz uma mecânica de controle do tempo, onde você pode gastar um carga para retroceder alguns turnos e evitar que você perca aquele aluno que tanto aprecia.  Com a evolução da sua personagem você vai ganhar mais cargas até um ponto que isso pode ser até demais, deixando o jogo bem mais fácil.

Na sala de aula, os alunos também se desenvolvem

Não é só dentro do combate que seus alunos evoluem. Você também precisa treinar suas habilidades ensinando cada um deles, nas semanas em que você tem para dar aulas. Cada personagem tem suas próprias motivações, mas você pode mudar o foco de cada um deles, deixando praticamente tudo na sua mão. A vontade de aprender depende da motivação de cada um dos alunos, que é desenvolvida com as atividades que você faz com eles em seu tempo livre, ou de acordo com sua performance no combate. Então, se você ensinar até a motivação de um personagem acabar, provavelmente vai ter que comer uma refeição, dar um presente ou mesmo um item perdido para ele no próximo domingo, ou, caso contrário, na próxima semana não poderá evoluir suas habilidades. Os alunos também te farão perguntas e se você responder de acordo, ganha uma boa quantidade de experiência, pois nós sempre aprendemos com as dúvidas dos outros, não é?

Quando atingir certos requisitos, você pode trocar a classe do personagem, fazendo uma espécie de prova. O legal é que mesmo estando um pouquinho abaixo do requerimento necessário, você pode tentar, com uma chance de falhar e gastar um dos itens. A dica que eu te dou agora é: tente investir em várias habilidades, pois as últimas classes vão exigir algumas coisas além do básico para cada personagem.

Gráficos e dublagem impressionantes

O estilo gráfico, combinando animações detalhadas e um cell-shading mostra o potencial que o jogo não alcançava nos consoles portáteis. O único problema é o fundo das conversas, não há nenhuma profundidade e tudo parece simples demais. Durante as batalhas, as transições da animação para um ataque são sutis e naturais, chega daquela tela de loading sempre que você for atacar um inimigo ou receber um ataque. Isso contribui muito para que cada batalha seja mais curta e seu ritmo, constante. Os movimentos de ataque são bastante variados e quando você soltar um ataque crítico, vai notar que também há uma mudança no que o personagem faz.

A dublagem também tem seu destaque, onde a maioria dos personagens, inclusive NPCs aparentemente aleatórios, tem sua própria voz. Isso contribui para uma imersão e mantém sua atenção, diferente das expressões genéricas e limitadas dos outros jogos da série. Mesmo nas batalhas, algumas ações resultam em falas específicas dos personagens, dando mais vida e te aproximando deles.

Resumo

Em resumo, Fire Emblem é um jogo 100% pautado em decisões e, por mais simples que cada uma delas possam parecer, praticamente tudo no jogo está conectado. Você precisa manter seus estudantes motivados para que eles se desenvolvam e sejam melhores no combate. Agora, como você vai fazer isso, cabe somente a você decidir. A história é simplesmente incrível e, dependendo do caminho que escolher, notará severas diferenças a partir do capítulo 2. Isso é mais do que uma boa motivação para você jogar de novo e ver o que as outras casas te reservam. Os problemas de Fire Emblem Three Houses são pequenos frente ao conjunto completo e posso dizer com segurança que ele é o melhor jogo da série. Se você for fã do gênero de RPG, é uma compra certa.

[alert type=white ]Essa análise foi feita com uma cópia para review fornecida pela Nintendo. O jogo está disponível exclusivamente para Switch na Loja Nintendo[/alert]