Análise: Inovador, renovado e impecável. FIFA 17 é o melhor capítulo da franquia até hoje

Há cerca de três meses, escrevi aqui no site uma matéria divagando um pouco sobre o que seria o futuro da franquia FIFA. Naquela altura a E3 estava rolando e a EA havia mostrado trailers que apresentavam as novidades que seu novo game traria. O que já esperávamos foi ditado na E3 e agora apenas se concretizou: FIFA 17 veio para ser o melhor lançamento da franquia até hoje.

Com novos gráficos e fazendo uma bela manutenção do que foi construído ao longo dos anos, FIFA 17 traz o que há de melhor em jogos de futebol: inova no que era necessário, surpreende sem grandes exageros e entrega aos gamers um produto capaz de te deixar horas sentado em frente a sua televisão.

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O gameplay: Uma aula de futebol, sem tirar nem por

Já não é de hoje que o gameplay de FIFA é extremamente elogiado. Com fluidez e uma movimentação tática extremamente próxima à realidade, o game da Eletronic Arts mostra nesse novo capítulo um ar ainda mais refinado.

A inteligência artificial toma conta dos espaços que outrora pareciam um pouco perdidos. Atacantes se posicionam melhor quando não estão com a bola e o desenho tático das equipes se torna notório e realmente útil. Se antes, em FIFA 16, você armava um contra-ataque veloz e sentia falta de um companheiro para tabelar e seguir adiante, agora não te faltam opções. Um pivô bem feito pode ser fatal e um time com alas bem velozes pode realmente fazer a diferença.

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Mas o destaque fica por conta do sistema de marcação. Muito à frente do seu concorrente, Pro Evolution Soccer, FIFA já mostrou que sabe fazer um sistema defensivo muito próximo da realidade. A tal “Defesa Tática”, introduzida há pouco tempo na série, está presente mais uma vez, chamando atenção pela forma como você controla o jogo quando está defendendo. A física dos jogadores foi melhorada, assim como os jogadores controlados pela máquina quando você está defendendo. Se antes você se sentia confuso na hora de decidir com qual jogador correr para cobrir espaços e com qual partir para dar o bote, agora ficou mais sugestivo e instintivo.

Os gráficos: Frostbite, minha querida, muito obrigado

A rivalidade entre FIFA e PES — ou Winning Eleven, para os mais nostálgicos — deve ser sempre citada em qualquer artigo que fale sobre um dos dois games. É de praxe, fazer o quê? Mas, de um tempo para cá, conseguimos separar em grupos e subgrupos o que cada concorrente levava vantagem em cima de seu rival.

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Desde sempre, a série da Konami levou vantagem no aspecto gráfico, principalmente se tratando dos rostos, expressões faciais e corporais dos jogadores. Bom, meu amigo, isso mudou. Com o uso do motor gráfico Frostbite, o mesmo utilizado na franquia Battlefield, FIFA não perde em nada para o seu rival, graficamente falando. Eu podia dizer que FIFA vencia nos gráficos do campo, gramado, torcidas, mas perdia nos rostos dos jogadores. No entanto, agora posso me arriscar a dizer que nem nisso PES leva vantagem.

Em FIFA 17, vemos o poder do novo motor gráfico fazer um trabalho digno de palmas. Os torcedores, os jogadores, o uniforme… tudo! Tudo está impecável, com muita vida e trazendo a todo o instante a sensação de se estar de fato assistindo a uma partida de futebol.

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A Jornada: O modo história que deu certo

Seguindo os passos da 2K em seu aclamado game de basquete, no novo FIFA podemos jogar uma espécie de Modo História. Nele, encarnamos o promissor Alex Hunter, um jovem jogador que luta para se tornar um craque na Premier League, o campeonato inglês. Numa história com drama, emoção e um toque de humor, vivemos sua trajetória rumo ao sucesso. Escolhemos que caminho tomar, qual time jogar e moldar a personalidade do protagonista por meio de escolhas durante o jogo.

Assim que a história começa, podemos decidir em que posição jogaremos com Hunter. Podemos escolher também seu time do coração e em que clube assinaremos contrato, mas não antes de fazermos os testes para entrar no futebol profissional. Certamente, o modo consegue te fazer sentir como um jogador de futebol de verdade. O ponto forte fica por conta das animações especiais: cutscenes que narram a história muito bem e te deixam totalmente imerso. Infelizmente com o tempo as animações vão sumindo e tudo vai ficando um pouco repetitivo, mas nada que incomode. Até o fim da Jornada você certamente não terá muito do que se queixar.

FIFA 17 The Journey (In Menus)

Com elementos de (pasme) RPG, aos poucos vamos evoluindo Alex Hunter, comprando habilidades e definindo seu temperamento através de diálogos, entrevistas coletivas e interações no geral. Conforme marcamos presença no time titular e ganhamos importância na equipe, mais pontos recebemos para comprar novas habilidades especiais, que melhoram seu cabeceio, passe, marcação e etc.

Um game completo, ou quase isso

FIFA sempre foi um game com licenças regularizadas e tudo “certinho”. Na sua versão de 2017, o game não fica muito atrás dos lançamentos anteriores, com exceção do Campeonato Brasileiro. Infelizmente, por problemas nas negociações, os times brasileiros vieram incompletos. Uniformes e escudos estão perfeitos, porém os jogadores não possuem seus nomes reais.

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Quem acompanha as notícias dos games de futebol sabe da dificuldade que é para se obter licenças dos clubes brasileiros. Diferente dos campeonatos europeus, o Campeonato Brasileiro não possui um órgão que responde por todos os clubes quando o assunto é licença. Graças a isso, a EA é obrigada a negociar clube por clube, jogador por jogador. Dessa vez, por conta desse problema, o game ficou devendo nisso. É uma bola fora para nós, brasileiros, que gostaríamos de ver nossos times perfeitamente representados no game. Além disso, Corinthians e Flamengo, por conta de um contrato de exclusividade com o rival Pro Evolution Soccer, sequer aparecem nas opções de times brasileiros.

Fora isso, fazem falta os campeonatos internacionais, como a UEFA Champions League (exclusiva do PES), Libertadores da América e até mesmo a Copa do Mundo da FIFA, que não possui um modo jogável no game fora do Modo Carreira.

O apito final: FIFA 17 é mesmo o melhor game da franquia?

Com gráficos renovados por conta de uma engine superior, uma jogabilidade que soube respeitar seus fãs e inovações dignas de um grande jogo, como o modo A Jornada, FIFA 17 é o game definitivo da franquia. A EA acertou em cheio em tudo que adicionou e manteve, trabalhando o terreno para futuros jogos ainda melhores.

Apesar dos problemas com a Liga Brasileira e ausência dos campeonatos internacionais, FIFA 17 entrega um jogo completo em muitos fatores. Se comparado aos seus antecessores, o novo game da franquia é o mais relevante e tem tudo para agradar novos e antigos fãs da série, podendo proporcionar horas e horas de diversão e uma imersão dificilmente comparável a títulos anteriores e a games rivais.