Análise – Destiny

Desenvolvido pela Bungie e distribuído pela Activision, Destiny é um jogo de FPS com elementos de RPG e mundo aberto, lançado dia 9 de Setembro de 2014 para PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One.

Muita hype foi gerada em cima do título desde o seu anúncio feito em Fevereiro de 2013, e muito se especulou sobre como o jogo misturaria esses aspectos de mundo aberto, RPG e FPS. Apesar de se parecer muito com MMOs existentes, a Bungie diz que Destiny é apenas um “shooter de mundo compartilhado”.

Destiny custou a bagatela de 500 milhões de dólares para a Bungie e Activision, e muitos se perguntam como esse dinheiro foi usado para desenvolvimento do jogo. Além disso, o jogo detém o recorde de nova propriedade intelectual mais vendida em seu lançamento, rendendo mais do que os 500 milhões de dólares gastos na sua produção.

Desde seu lançamento, Destiny vem dividindo a opinião do público, trazendo um Metacritic de 76/100, e uma média ainda menor do público do site, que deu nota 6.4/10 para o jogo.

História

Destiny se passa setecentos anos no futuro, em um universo pós-apocalíptico. Houve um período de explorações prósperas e de paz para os humanos, a chamada A Era de Ouro, uma época que os humanos haviam colonizado diversos planetas do Sistema Solar. Porém um evento misterioso chamado de O Colapso aconteceu, espalhando A Treva e dissolvendo essas colônias, dando fim à Era de Ouro e levando a raça humana praticamente à extinção.

Os poucos sobreviventes estão na Terra, salvos pelo O Viajante, um corpo celeste branco que apareceu décadas atrás. Agora O Viajante fica sobre a última cidade segura da Terra, A Torre, e sua presença permite que os Guardiões usem A Luz para combater A Treva. Nós somos um desses Guardiões, e nossa missão é extinguir A Treva. Para isso, somos guiados pelo Fantasma, uma criatura pequena, criada pelo Viajante, que nos acompanha durante as viagens pelo Sistema Solar.

Destiny Screenshot (2)

E a partir dos 10 primeiros minutos de jogo, a história perde totalmente o foco.

A história é contada nas telas de loading das missões, e esporadicamente em uma ou outra cutscene. Essa forma de apresentar a história ao jogador simplesmente não deu certo, a ponto de simplesmente jogarmos sem ter a menor ideia do que está acontecendo. Após algumas horas de jogo, nos pegamos completando as missões da campanha apenas para ganhar nível e, assim que chegamos no nível 20, partimos para o Crisol (Crucible) ou para as missões de Assalto (Strike), abandonando completamente as missões que restam para terminar a “campanha”.

Para suprir essa história rasa e defasada, a Bungie criou o sistema de Grimoire Cards, cartas que ganhamos durante o jogo e vão para uma biblioteca vinculada a sua conta. Cada carta conta um pouco da história do jogo, dando informações sobre os personagens, raças, locais, etc…

Algo que, a princípio, é bem interessante, mas que infelizmente foi mal aplicado. Para ter acesso às informações das cartas é preciso interromper o que você está fazendo, acessar o site Bungie.net, e visualizar carta por carta para ver o que cada uma delas traz de Lore para você… O que seria OK caso fosse um sistema bem trabalhado como é o de Dark Souls, mas não é o caso.

Gameplay

Destiny possui três raças de personagens: Humano, Desperto e Exo. Todas as raças possuem a opção de escolher gênero Masculino ou Feminino. Qual diferença entre as raças? A dança do personagem ao apertar o direcional para a direita. É… No jogo nós podemos pular, correr, deslizar, agachar, jogar granadas, usar especial, atirar, pilotar seu Pardal, apontar, acenar, dançar e sentar (sendo os quatro últimos comandos dados pelo direcional do controle).

Contratos da Torre
O mural de contratos da Torre

O jogo também conta com três classes distintas: Caçador, Titã e Arcano. Cada classe possui duas árvores de habilidades, uma está disponível assim que você inicia o jogo, já a segunda fica disponível apenas quando você chega ao nível 15. Cada classe possui suas vantagens e desvantagens, além de habilidades e ataques especiais específicos.

Nas missões da História, o núcleo de gameplay do jogo é bem simples: eliminar as ondas de inimigos enquanto seu Fantasma faz alguma coisa, como desativar o sistema inimigo ou decodificar informações… Poucas missões fogem dessa generalização de atirar e enfrentar três ondas de inimigos.

Além das missões da história, há a opção de patrulhar cada um dos destinos que Destiny: Terra, Lua, Vênus e Marte. O modo Patrulha nos permite andar livremente por estes destinos, tendo a opção de fazer algumas missões secundárias, que parecem divertidas nas primeiras horas, mas conforme você pode conferir abaixo, há pouca variedade:

  • Matar certo número de inimigos.
  • Coletar determinada quantidade de itens que dropam de inimigos (basicamente a mesma coisa que matar ‘x’ inimigos).
  • Chegar a algum lugar do mapa e escanear a área com seu Fantasma.
  • Alcançar um ponto do mapa e observar a paisagem por alguns segundos.

Agora vamos falar do aspecto RPG de Destiny.

O jogo tem diversos equipamentos que os personagens podem usar: Capacete, Luvas, Peitoral, Calça e Armadura de Classe, um item exclusivamente estético que varia de classe para classe. É possível customizar seu Emblema, a cor do equipamento do seu personagem com Tonalizadores assim que você alcança o nível 20, e equipar três armas diferentes: Primárias, Especiais e Pesadas. Além disso, há diferentes tipos de raridades de equipamentos: Comuns, Incomuns, Raros, Lendários e Exóticos.

Assim que se chega ao nível 20, a barra de experiência do personagem desaparece e somos apresentados a uma nova mecânica: A Luz. A partir desse ponto é necessário procurar novos equipamentos raros, lendários ou exóticos, que tenham a maior quantidade de luz para que o Guardião continue a evoluir. Isso pode soar estranho, mas é um dos principais motivos para manter tantas pessoas motivadas a continuar jogando.

Há também os modos que focam na experiência multiplayer, como os Assaltos, o Crisol e a Incursão, mas comentarei sobre eles logo mais.

Destiny Screenshot (4)

Aspectos Técnicos

Embora a história e o gameplay de Destiny não convençam tanto, os aspectos técnicos de Destiny impressionam.

No quesito Gráfico, o jogo traz uma engine inédita, capaz de processar a iluminação global do jogo e a iluminação dinâmica em tempo real ao mesmo tempo. Graças a isso, as luzes refletindo no ambiente dão um nível de imersão muito grande. É bonito você observar a luz do Sol batendo em cada folha das plantas na Terra.

Destiny traz incríveis ambientações em todos os destinos que podemos explorar. Tanto a Terra, como a Lua, Vênus e Marte são ambientes ricos e massivos, cada um com diferentes itens que são usados para você melhorar seus equipamentos. Além disso você pode encontrar baús espalhados pelas cavernas e ambientes escondidos do jogo, que irão recompensar sua exploração com materiais para melhorar seus equipamentos, assim como dinheiro e provavelmente mais equipamentos.

Outro destaque do jogo é o seu céu. Não é raro você se pegar olhando para cima despreocupado, apenas observando as nuvens se movendo, ou olhando para a Terra de um ponto privilegiado da Lua.

O Guardião pilotando o seu Pardal
O Guardião pilotando o seu Pardal

No quesito Áudio, Destiny chegou ao Brasil totalmente localizado para o português, com legendas e dublagens. E eu, que sempre preferi as dublagens originais, devo admitir que preferi jogar com a versão dublada em português.

É… Se você leu algo sobre o jogo desde o seu período de teste Alpha, sabe que um dos astros de Game of Thrones, Peter Dinklage (Tyreon Lannister na série) emprestou sua voz para a dublagem do Fantasma, e apesar da sua voz marcante, ele não se saiu tão bem assim, fazendo um trabalho sem carisma algum. Já a dublagem em português é mais interessante do que a original e, levando em conta que 90% das conversas do jogo são do Fantasma, isso acaba pesando um pouco.

Por outro lado temos a trilha sonora do jogo, composta de forma magistral, dando um clima único em cada tiroteio contra os inimigos ou chefes no final de cada missão. A música de Destiny segue um tom épico, bem orquestrado. Porém, é quando os créditos do jogo estão rolando que temos a oportunidade de ouvir a canção composta por Paul McCartney, que cobrou incríveis $0.00 por esse incrível trabalho.

Multiplayer

É aqui que está a alma de Destiny e o motivo de, mesmo a grande maioria dos seus jogadores saberem dos defeitos do jogo, continuarem logando no jogo dia após dia.

Crisol (Crucible)

Crisol é o nome dado para o modo PvP do jogo e traz 5 modalidades:

  • Controle (Control) – Dois times de seis jogadores precisam dominar os pontos do mapa e matar os inimigos.
  • Enfrentamento (Clash) – O famoso Team Deathmatch. Dois times de seis em um mapa com o único objetivo de matar todos os adversários.
  • Briga (Rumble) – Todos contra todos em um mapa que suporta no máximo seis pessoas.
  • Disputa (Skirmish) – Basicamente o Clash, mas com dois times de três pessoas e que é possível reanimar os companheiros caídos.
  • Resgate (Salvage) – Dois times de três pessoas precisam capturar relíquias e defende-las, ou, caso o outro time tenha capturado a relíquia, você precisa tira-los do controle.

Cada partida gera pontos do Crisol, além de Ranking do Crisol. Conforme seu ranking for aumentando, mais itens são habilitados para compra nos NPCs responsáveis por isso, e para comprar os itens lendários que esses NPCs vendem, é necessário usar os pontos do Crisol acumulados das partidas jogadas.

Destiny Screenshot (1)

Assalto (Strike)

Um dos modos mais divertidos na humilde opinião do redator dessa análise. Destiny é recheado de Assaltos em todos os planetas disponíveis, sendo que alguns deles chegam a ter mais dois assaltos disponíveis. Assaltos são missões mais longas, e consequentemente, mais recompensadoras.

Ao lado do ícone do Crisol, há um exclusivamente para Assaltos, onde se pode escolher entre cinco níveis de dificuldade, sendo o Tigre da Vanguarda a opção mais recompensadora, fora o Assalto Semanal.

Para se jogar o Assalto é necessário um time com três jogadores, mas não se preocupe pois caso você não tenha amigos para jogar esse modo com você quando bater a vontade, o jogo dará um jeito de achar outros dois jogadores para juntar forças com você para enfrentar a Treva! (Deus… que clichê.)

Assim como acontece quando se joga partidas do Crisol, completar Assaltos rende pontos de Vanguarda, assim como experiencia para subir no Ranking da Vanguarda. O esquema é o mesmo, maior o seu ranking, melhores itens lendários o NPC venderá em troca dos seus pontos de Vanguarda.

Incursão (Raid)

Um dos destaques do jogo, a Raid de Vênus é um dos principais motivos para se chegar a um nível alto junto com seus amigos.

A Câmara de Cristal, única Raid disponível no momento, traz alguns novos inimigos, chefes e mecânicas, como a relíquia, um escudo que pode ser usado tanto ofensivamente, quanto para curar do efeito que os Oráculos (inimigo exclusivo da Raid) usam contra sua equipe.

O nível de dificuldade dessa aventura é bem alto, então é recomendado juntar seis amigos com nível superior a 27 e ir com tudo para desvendar os mistérios da Câmara de Cristal, e caso consiga chegar até o seu boss final, ser recompensado com equipamentos exclusivos, que estão entre os melhores do jogo.

Destiny Screenshot (5)

Eventos

Destiny é lotado de eventos únicos, como a Missão Heroica Diária, onde a Bungie seleciona uma missão da campanha original e eleva seu nível de dificuldade, dando recompensas para quem finaliza-la. E como o nome da missão diz, ‘Diária’, ou seja, todo dia essa missão é trocada por uma nova.

As três classes de Destiny: Caçador, Titã e Arcano
As três classes de Destiny: Caçador, Titã e Arcano

Também tem o Assalto Semanal, que, assim como a Missão Heroica Diária, é uma versão de um Assalto já existente, muito mais difícil, logo, com recompensas bem mais atraentes.

Não posso esquecer dos eventos que acontecem praticamente de quinze em quinze dias, como a Bandeira de Ferro e a Fúria da Rainha, eventos que traziam equipamentos exclusivos para quem completasse certos contratos e alcançasse um Ranking suficientemente alto.

Falando em contratos, há um robô simpático na Torre que distribui novos contratos a cada 24 horas. Há contratos da Vanguarda, focados em completar missões, derrotar algum chefe específico ou algum tipo de inimigo. Contratos de Crisol, focados em objetivos nas arenas de PvP, como conseguir uma certa quantidade de Headshots com uma arma, ou matar uma classe ‘x’ vezes. E, quando há os eventos especiais como citados acima, como Bandeira de Ferro e a Ira da Rainha, ele também distribui contratos que nos ajuda a subir no ranking desses eventos.

E por último, mas não menos importante: Os Eventos Públicos. Eles acontecem do nada e para completa-lo é necessário que os jogadores que estão em volta se juntem para completar esse objetivo em comum. Pode ser defender um ponto, acabar com um inimigo mais forte do que o normal ou até mesmo derrotar um inimigo antes que ele chegue em um determinado ponto do mapa.

Em resumo: Há sempre algo novo para se fazer em Destiny no dia seguinte, mesmo que esse algo novo não seja assim TÃO novo.

Conclusão

Destiny é um jogo bom, que cumpre com algumas de suas promessas mas que infelizmente não faz jus de toda a hype criada em sua volta. Apesar de uma história fraca e um gameplay repetitivo, Destiny pode, e irá, manter muitos jogadores presos durante dias e mais dias em seu lindo mundo. Seja para completar o Câmara de Cristal, conseguir aquele item exótico ou lendário que você tanto quer, ou até mesmo para matar os outros jogadores no Crisol.

Destiny Review

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  • Extremamente divertido de jogar com amigos.
  • Eventos online.
  • Lindos gráficos e ambientação.

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  • Dublagem original sem carisma algum.
  • História mal aproveitada.
  • Gameplay repetitivo

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