Análise – Assassin’s Creed Rogue

Rostos conhecidos, uma ótima história, e a chance de conhecer o lado dos vilões do conhecido confronto milenar entre Assassinos e Templários são atrações mais do que suficientes para você dar uma chance a Assassin’s Creed Rogue.

Desenvolvido pela Ubisoft e lançado em novembro de 2014, Assassin’s Creed Rogue acabou sendo apagado da mente de todos graças ao seu irmão maior Assassin’s Creed Unity, que recebeu diversas criticas negativas da imprensa.

Rogue foi lançado apenas para PlayStation 3 e Xbox 360, e posteriormente para PC, e se mostrou muito mais competente que Unity e com certeza não é um jogo que deve ser ignorado apenas pelos erros constantes e recentes da Ubisoft.
[infobox]A cópia de Assassin’s Creed Rogue (PS3) utilizada para fazer esta análise foi gentilmente cedida pela Up2Games. Adquira você também um Assassin’s Creed Rogue ou conheça o catálogo da loja: www.up2games.com.br[/infobox]

Menos preto e branco

O principal diferencial de Rogue para os outros Assassin’s Creed é que dessa vez você controla um membro da Ordem Templária, não inicialmente pelo menos. A história do jogo se passa durante a Guerra dos Sete Anos, que ocorreu entre 1752 e 1760, trazendo o assassino Shay Cormac como protagonista. Shay recebe diversas missões de seu mentor Achilles Davenport e começa a se questionar se o que está fazendo é mesmo certo. “Assassinar templários moribundos, que não apresentam diretamente um grande perigo, é realmente certo?”

Seus questionamentos chegam ao fim quando Shay parte para Lisboa em busca de um Artefato do Eden, itens de grande poder criados pela Primeira Civilização. Lá ele descobre um misterioso Artefato do Eden, que ao ser tocado, causa um enorme cataclisma que destrói toda a cidade e mata milhares de civis. Shay consegue retornar para a fazenda Davenport e alerta os assassinos sobre o perigo que os artefatos da Primeira Civilização representam, porém Achilles está disposto a encontrar os outros para que possam ser usados contra os Templários.

Shay então toma a drástica decisão de roubar o mapa com a localização desses artefatos, mesmo sabendo que isso seria considerado traição. Ele é descoberto e após uma caótica fuga, Shay leva um tiro e cai a deriva no oceano. Shay é resgatado e acaba conhecendo o templário George Monroe que mostra que os Templários não são tão maus assim. A partir dai temos a transformação de Shay em templário e a caçada por seus ex-companheiros da Irmandade dos Assassinos enquanto tenta proteger os artefatos responsáveis por terríveis destruições.

Eu chego ao fim da trilha, o ar está quieto e eu sou um caçador. A caçada me levou aos cantos esquecidos deste mundo. Passam as estações levando-me cada vez mais para a escuridão, onde encontrei a verdade, que minha redenção está nas cinzas, que preciso queimar o passado para corrigir as coisas. Antes um assassino, hoje seu perseguidor. Eu devo destruir aqueles que um dia eu chamei de irmãos. O ar está quieto e eu sou um caçador.

Mais do mesmo, mas apenas o melhor dele

A primeira vista Assassin’s Creed Rogue parece uma expansão de Assassin’s Creed IV Black Flag, com grandes mapas para serem explorados com seu navio, mas aos poucos vamos percebendo que a Ubisoft procurou saber o que os fãs não gostavam dos jogos anteriores e baniram do mundo de Rogue. Se você é daqueles que vai atrás de todos os colecionáveis, provavelmente se frustrou em Black Flag com as minúsculas ilhas onde não haviam nada a não ser um mísero fragmento do Animus. Em Rogue é diferente, grande parte das missões secundárias e colecionáveis estão em áreas maiores, onde há mais de uma coisa pra se fazer.

Assassin's Creed Rogue (2)

Quem está de volta é o sistema econômico de Assassin’s Creed Brotherhood, basta investir uma quantia em dinheiro e algumas matérias primas para reconstruir algum prédio das cidades e parte da renda dessa reconstrução volta pra você. As terríveis missões de escolta e perseguição stealth foram eliminadas e o sistema de frota de Assassin’s Creed IV Black Flag marca presença mais uma vez. O que era bom se manteve, ou seja, o sistema de combate, tanto em terra firme quanto em alto mar, e a movimentação do personagem pelo cenário basicamente se mantem da mesma maneira de que já estamos acostumados. Caçar animais em terra e em alto mar, eliminar o controle de gangues, saquear navios inimigos, tomar o controle de fortes e enfrentar batalhas navais lendárias continuam presentes.

Quem também ficou de fora foi o modo multiplayer, que a meu ver não faz falta nenhuma. Se esse for realmente o último Assassin’s Creed a ser lançado para a geração passada de consoles, o multiplayer de Black Flag já pode ser considerado o “definitivo” da série.

Pequenas novidades

Assassin’s Creed Rogue traz um novo tipo de inimigo: os Assassinos. Enquanto estiver caminhando pela cidade de Nova Iorque é normal escutar vozes estranhas, os “sussurros” do modo multiplayer dos jogos anteriores, o que indica que há algum assassino a espreita. Eles geralmente se escondem em arbustos, carroças com feno e até mesmo no alto de prédios, e caso o jogador chegue perto de mais, eles atacam certeiramente e tiram boa parte da energia de Shay.

Em seu arsenal Shay tem duas novas armas, a primeira é o rifle de ar, basicamente uma adaptação da zarabatana dos outros jogos, que pode ser usado para deixar inimigos inconscientes, envenenados, ou em estado de fúria. Há também o lançador de granadas, ideal para se usar a curta/média distancia e para dar conta de vários inimigos simultaneamente, que pode ser carregado com munições explosivas, soníferas ou as que proporcionam o estado de fúria nos inimigos. O mundo de Rogue é dividido em três grandes áreas: Nova Iorque, River Valley e Atlântico Norte. Devido às baixas temperaturas do Atlântico Norte, parte das águas do oceano estão cobertas por uma fina camada de gelo onde é necessário utilizar seu navio para atravessá-las. Também é normal ver icebergs por aqui, que podem ser destruídos com tiros de ganhão e resultarão em ondas que destroem as pequenas embarcações que estiverem próximas. Ainda nessa clima congelante, se você estiver afim de dar um mergulho, cuidado, pois a água fria vai drenando a vida de Shay.

Abstergo Entertainment

Enquanto a história de Shay empolga, a história fora do Animus de quase nada acrescenta ao jogo. Aqui você é novamente um funcionário da Abstergo Entertainment e explora a empresa com uma visão em primeira pessoa. Apesar de finalmente termos a presença do templário Otso Berg, que esteve presente em outros jogos da série, mas nunca fisicamente, a história quase não avança em relação a Black Flag.

Assim como em Assassin’s Creed IV Black Flag, é possível hackear os computadores da empresa para ter acesso a várias informações a respeito das ações da Abstergo nos tempos atuais, informações essas que ajudam a ligar as HQs de Assassin’s Creed ao canon dos jogos e a prever aonde se passará os próximos títulos da série.

Assassin's Creed Rogue (3)

Nada é perfeito

Apesar de Assassin’s Creed Rogue ser um excelente jogo, há sempre alguns problemas que acabam com parte da diversão. Eu tive a infelicidade de presenciar alguns bugs estranhos que variam deste o sumiço da voz de Shay enquanto eu explorava os cenários, à bizarra câmera que começou a chegar cada vez mais perto do personagem, o que me impossibilitava de ver o que estava acontecendo ao redor.

Os bugs não param por ai, em determinada missão é necessário atravessar uma grande área repleta de inimigos e chegar ao líder deles, ao encurralar o inimigo, o alvo pula do penhasco em seu navio para tentar fugir, então cabe a você ir para o seu próprio navio e persegui-lo, certo? Bom, acontece que quando o meu alvo foi pular em seu navio, ele simplesmente caiu na água e morreu, o que me impossibilitou de terminar a missão, então tive que reiniciar a missão novamente para enfim conseguir conclui-la.

O jogo possui legendas e dublagem em português brasileiro, destaque para Alexandre Moreno que dubla o protagonista Shay e fez um excelente trabalho. Mas o jogo parece que foi dublado as pressas e vários diálogos de NPCs menores como guardas e civis não foram dublados.

Considerações finais

Assassin’s Creed Rogue não é perfeito e apesar de alguns bugs que podem atrapalhar a experiência do jogador, se provou um ótimo e divertido jogo que fecha com chave de ouro a “Saga Kenway”. Com uma curta, porém ótima história, e um gameplay que ainda funciona muito bem, Rogue merece ser jogado e pode ajudar a tirar o gosto ruim da boca que Unity deixou em vários jogadores.

Aos fãs da série, a presença de personagens de jogos passados como Achilles Davenport, Haytham Kenway e Adéwalé, figuras históricas como Benjamin Franklin e George Washington e a possibilidade de finalmente jogar com “os inimigos” são ótimos atrativos, mas se você chegou a jogar Assassin’s Creed Unity, pode esperar por uma grande surpresa na última missão de Rogue.

Assassin's Creed Rogue Review

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  • História envolvente
  • Mundo aberto cheio de conteúdo

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  • Bugs irritantes
  • Dublagem “pela metade”

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