Análise: A Way Out, uma belíssima aventura cinematográfica

Desvendando “A Way Out”

Publicado pela EA Origins e desenvolvido pelo Estúdio Hazelight, do suéco Josef Fares, escritor e diretor do aclamado Brothers – A Tale Of Two Sons, chega A Way Out, um game exclusivamente cooperativo (2-2), que pode ser jogado tanto no sofá da sua casa quanto online. A intenção do jogo é bem clara: Trazer aos jogadores uma experiência co-op nunca vista antes e proporcionar interação entre amigos, tudo isso através de uma belíssima aventura cinematográfica.

A trama é ambientada nos anos de 1970 e coloca os players nos papéis de Vincent Moretti e Leo Caruso, dois prisioneiros em fuga com características completamente opostas e um objetivo em comum: Vingança.

A história e a relação entre os personagens ()

MERMÃO, A HISTÓRIA… A HISTÓRIA VALE A PORRA DO JOGO TODO.
QUE ROTEIRO FODIDO DO CARALHO. ME BEIJA, JOSEF FARES!

A maior força de A Way Out está em seu roteiro cinematográfico e em seus personagens muito bem construídos e cativantes. O que Fares busca trazer em seus jogos, sem dúvidas é a emoção. Desde Brothers: A Tale of Two Sons ele mostra muito bem para o que veio e acredito que isso seja um reflexo de sua experiência como cineasta. Você consegue ver que muito mais que uma experiência gamer, ele quer transmitir uma mensagem e esse fator faz com que os players realmente se sintam na pele dos personagens e se envolvam emocionalmente com o jogo.

Leo e Vincent se revelam personagens completamente opostos desde o começo, quando o jogo te apresenta uma breve ficha de cada personagem para que cada player escolha com quem deseja jogar.

Enquanto Leo se mostra mais explosivo e passional, Vincent traz para a dupla aquela dose de racionalidade e bom senso. Essa mecânica entre os dois funciona de forma brilhante quando você tem que tomar algumas decisões durante a trama. É válido ressaltar que o fator das escolhas em A Way Out é mais interessante pela imersão do que por mudar a história em si.

A relação de confiança que os personagens estabelecem ao longo do jogo é totalmente crível, passando de meros desconhecidos a parceiros no crime de acordo com as situações que acabam vivenciando. Nada é forçado ou rápido demais. A trama vai se desenrolando na medida certa, como se fosse realmente um filme, com um tempo preciso para cada ato.

Parceiros no crime

Sem dúvidas, o destaque do gameplay vai para o co-op. O jogo foi criado em torno desse conceito e faz jus ao que prometeu. Várias missões vão exigir dos jogadores certa compatibilidade, seja trabalhando em equipe ou fazendo jogadas coordenadas.

O estúdio se preocupou em fazer com que mesmo jogando em telas divididas, seu parceiro tenha que prestar atenção ao que você está fazendo, porque ao mesmo tempo que acontece uma cutscene na tela dele, na sua você pode estar fazendo qualquer outra coisa e vice-versa. Por isso, mesmo jogando online, a tela dividida acontece e é um recurso que funcionou muito bem, apesar de em alguns momentos eu me sentir um pouco perdida com os diálogos simultâneos.

Vamos ser realistas

A Way Out apresenta um gameplay muito vasto, com mecânicas variadas, como sequências de luta, tiroteio, furtividade, fuga em carros e motos, entre outros. É uma proposta interessante que proporciona ao jogador experiências diferentes no decorrer do jogo. Mas, infelizmente nenhuma dessas mecânicas é executada com maestria e é neste ponto que o jogo se perde um pouco.

Acredito que cada mecânica foi facilitada ao máximo para que jogadores menos experientes não se frustrassem durante o jogo e pudessem aproveitar o que o enredo tem a oferecer. Porém isso tirou muito da experiência que os players poderiam ter se as mecânicas fossem um pouco mais bem trabalhadas. Além disso, existem momentos em que a trama abre brechas para determinadas mecânicas se repetirem, como algumas fugas de carro, mas o jogo simplesmente avança com cutscenes e só resta a frustração por não ter tantas partes “jogáveis” assim. Isso me incomodou? Um pouco.

Apesar do foco do jogo ser na experiência em si, os desenvolvedores poderiam ter planejado melhor a execução de cada uma das mecânicas propostas, principalmente pelo fato delas não acontecerem sempre. São trechos curtos e falhos que não te tiram a boa experiência do jogo, mas apontam que o jogo poderia ser melhor.

Além de todas essas mecânicas diferenciadas, A Way Out também conta com vários mini-games que trazem a competitividade para o jogo, como queda de braço, tiro ao alvo, barras paralelas e até mesmo ver quem fica mais tempo equilibrado em uma cadeira de rodas. Apesar deles tirarem totalmente o foco da história, eu achei a maioria bem divertida. Em alguns perdemos um bom tempo competindo, como no mini-game do arcade. Sério, ele é viciante!

Vale a pena?

A ambientação do jogo é maravilhosa. O gráfico é realmente muito bonito, dando a impressão que você está assistindo a um filme, proporcionando uma imersão muito grande aos players. Particularmente, achei o preço de lançamento um pouco salgado. O jogo é curtinho, com uma duração média de seis horas e não tem um fator de replay favorável. Se você não estiver muito ansioso, eu sugeriria aguardar uma promoção.

A Way Out se mostrou uma aventura imprevisível e dramática, com um final surpreendente e grandes doses de emoção. Apesar do jogo apresentar falhas em seu gameplay, elementos como roteiro, bons personagens e uma experiência cooperativa diferenciada fazem com que o jogo mereça um lugar na sua estante.

A Way Out está disponível para PlayStation 4, Xbox One e PC, através da plataforma Origin.